Cecília Meireles: Biografia, Fatos Rápidos, História e Mais!
Cecília Meireles foi uma renomada poetisa, jornalista e pintora. Por causa do seu excelente e extenso trabalho literário, ela foi a primeira mulher a ter um grande reconhecimento na literatura brasileira, visto que publicou mais de 50 obras.
Ela conseguiu esse grande feito porque desde criança estudou diversas formas de arte, sensibilizando a própria escrita. Tanto que com apenas 18 anos lançou o seu primeiro livro, “Espectros”.
Em seus trabalhos, Cecília Meireles demonstrava uma sensibilidade muito grande em relação à espiritualidade. Já que ela participou de um grupo católico da Revista Festa, ela aprendeu a desenvolver sua perspectiva espiritual em tudo o que escrevia.
Por isso, muitos dos seus trabalhos como poetisa, escritora e jornalista refletem sua espiritualidade.
Infelizmente, Cecília Meirelles conheceu a dor da perda muito jovem, visto que perdeu seus pais antes de completar 3 anos de idade. A sua avó, Jacinta Garcia Benevides, tomou para si a responsabilidade de cuidar da neta.
Contudo, a rigidez da avó impediu que Cecília conhecesse o mundo ainda jovem, influenciando a neta a desenvolver uma personalidade reservada.
Fatos rápidos sobre a vida de Cecília Meireles
Nome: Cecília Benevides de Carvalho Meireles |
Gênero: feminino |
Famosa como: jornalista, pintora, poetisa/poeta, escritora e professora |
Nacionalidade: brasileira |
Nascimento: 7 de novembro de 1901 |
Falecimento: 9 de novembro de 1964 |
Quem é Cecília Meireles?
Cecília Meireles nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1901, em 7 de novembro. Ela conquistou o seu lugar na literatura brasileira trabalhando como escritora, jornalista, pintora, professora e poeta. Dessa forma, ela consolidou o próprio nome e suas obras no modernismo brasileiro. Além disso, Cecília Meireles é reconhecida como a melhor poeta brasileira.
Ao longo da vida, Cecília Meireles conheceu muitos países por causa do trabalho como palestrante. Tanto que ela já fez apresentações na Argentina, Chile, Estados Unidos, México, Índia e Uruguai, por exemplo. Como resultado das palestras e inspirada pelos encontros, Cecília escreveu “EUA 1940”, descrevendo sua estadia em Austin, Texas.
Enquanto trabalhava como jornalista, Cecília Meireles concentrava as suas crônicas na área da educação. Além disso, ela também escrevia bastante a respeito das viagens que fazia ao exterior. Cecília ganhou um título de doutora honorária na Índia como uma forma de reconhecimento pelo seu trabalho literário.
Enquanto escrevia os próprios poemas, Cecília refletiu bastante a respeito da vida e do tempo. Tanto que as características marcantes do seu trabalho poético a consolidaram como uma das principais representantes da segunda etapa do modernismo brasileiro.
Ademais, como professora, Cecília Meireles tinha o objetivo de divulgar reformas educacionais no sistema de ensino brasileiro. Um grande exemplo desse projeto era a vontade de construir mais bibliotecas infantis pelo país.
Cecília Meireles: infância e juventude
Cecília Meireles nasceu em Rio Comprido, um bairro da cidade do Rio de Janeiro. Filha de Mathilde Benevides Meireles e Carlos Alberto de Carvalho Meireles, Cecília seguiu os passos da mãe, que também era professora.
Contudo, a história da família é marcada por algumas tragédias pessoais. Afinal, Mathilde perdeu três filhos antes de Cecília vir ao mundo. E a própria Cecília perderia seus pais após completar os seus 3 anos de idade.
Já que estava sozinha e muito jovem, Cecília foi morar com a avó Jacinta Garcia Benevides. Além da avó, Cecília também recebia cuidados da babá chamada Pedrina. Elas eram muito amigas e Pedrina sempre lia histórias para Cecília adormecer.
Cecília Meireles concluiu o ensino fundamental enquanto estudava na Escola Municipal Estácio de Sá. Após a jovem concluir o curso, ganhou de Olavo Bilac, na época inspetor do colégio, uma medalha de ouro. De acordo com Olavo Bilac, Cecília apresentou um excelente desempenho e progresso na instituição.
E embora fosse uma criança, Cecília Meireles já demonstrava um imenso carinho pelos livros. Tanto que a garota passou a escrever os primeiros versos entre a infância e adolescência.
Além disso, Cecília gostava de música e concluiu seus estudos de violão, violino e canto no Conservatório Nacional de Música. Porém, ela não podia fazer tantas tarefas ao mesmo tempo e decidiu seguir na literatura.
Cecília Meireles ganhou destaque tanto por suas habilidades e inteligência quanto por sua aparência. Afinal, a menina com olhos azuis esverdeados era curiosa e desenvolveu muitas habilidades ao longo da vida.
Entretanto, a avó de Cecília impediu que a garota convivesse com outras crianças. Como resultado, a menina experimentou uma infância mais solitária e distante das pessoas. Apesar dessas restrições, Cecília Meireles afirmou que aprendeu a valorizar o silêncio e a solidão.
Cecília Meireles: família
Cecília Meireles prosseguiu os seus estudos com o intuito de se formar no curso superior. Após completar 17 anos, a jovem concluiu o seu curso na Escola Normal do Distrito Federal, localizada no Rio de Janeiro.
Ela tinha diversas referências na escola, pois os seus professores eram a escritora Alexina Magalhães Pinto, Basílio de Magalhães e Osório Duque-Estrada. Já que Cecília sempre demonstrou um ótimo desempenho, foi a oradora da turma durante a formatura.
Após trabalhar como professora e publicar o seu primeiro livro, Cecília conheceu Fernando Correia Dias. Ele era um desenhista, ilustrador e pintor português que chegou ao Brasil em 1914. Por causa do seu excelente trabalho, Fernando ajudou no desenvolvimento das artes gráficas brasileiras.
Enquanto estava casada com Fernando, Cecília deu à luz as suas três filhas: Maria Elvira, Maria Fernanda e Maria Mathilde. Além disso, o casamento com Fernando ajudou Cecília a conhecer melhor o movimento poético de Portugal. Como resultado, o casal atuava em parceria, visto que Fernando fazia ilustrações para a esposa.
Entretanto, Cecília e Fernando passaram por muitos problemas enquanto estavam casados. Tudo porque a família enfrentava problemas relacionados ao dinheiro. Ademais, o casamento entre a professora e o artista era vítima de preconceito social. Tanto que o casal sofreu uma perseguição velada em suas respectivas áreas.
Como consequência dessa época, Cecília passou a trabalhar no Diário de Notícias. Ela mantinha uma coluna diária onde escrevia sobre muitos aspectos da educação. Além disso, ela também colaborou com a revista luso-brasileira Atlântico enquanto escrevia vários artigos e textos.
Infelizmente, Fernando Correia Dias faleceu em 1936 após se suicidar. Muitas pessoas especulam que as causas do seu suicídio se devem à depressão e ao tempo de perseguição e sofrimento do passado. Após 4 anos, Cecília deu uma nova oportunidade para o amor, se casando com Heitor Vinícius da Silveira, com quem permaneceu por 24 anos.
Principais obras
Cecília Meireles foi uma escritora muito ativa e sempre encontrou novas formas de retratar a vida. A sua percepção feminina da existência e escrita intimista rendeu a ela diversos trabalhos. Mesmo assim, muitas das suas obras são lembradas pelo público, como:
- Espectro (publicado em 1919)
- Criança, meu amor (publicado em 1923)
- Nunca mais… E poema dos Poemas (publicado em 1923)
- Baladas para El-Rei (publicado em 1925)
- O espírito vitorioso (publicado em 1929)
- O Espírito Vitorioso (publicado em 1935)
- Viagem (publicado em 1939)
- Vaga Música (publicado em 1942)
- Poetas Novos de Portugal (publicado em 1944)
- Mar Absoluto (publicado em 1945)
- Rute e Alberto (publicado em 1945)
- Rui — Pequena História de uma Grande Vida (publicado em 1948)
- Retrato Natural (publicado em 1949)
- Amor em Leonoreta (publicado em 1952)
- 12 Noturnos de Holanda e o Aeronauta (publicado em 1952)
- Romanceiro da Inconfidência (publicado em 1953)
- Poemas Escritos na Índia (publicado em 1953)
- Batuque (publicado em 1953)
- Pequeno Oratório de Santa Clara (rara publicação de 1955)
- Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (publicado em 1955)
- Panorama Folclórico de Açores (publicado em 1955)
- Canções (publicado em 1956)
- Giroflê, Giroflá (publicado em 1956)
- Romance de Santa Cecília (publicado em 1957)
- A Rosa (publicado em 1957)
- Obra Poética (publicado em 1958)
- Metal Rosicler (publicado em 1960)
- Solombra (publicado em 1963)
- Ou Isto ou Aquilo (publicado em 1964)
- Escolha o Seu Sonho (publicado em 1964)
Características literárias
A princípio, Cecília Meireles jamais esteve relacionada aos movimentos literários de uma forma muito clara. Segundo alguns especialistas, a poesia de Cecília está mais conectada às tradições líricas luso-brasileiras.
Entretanto, outros estudiosos indicam que as primeiras publicações de Cecília Meireles estão relacionadas ao simbolismo, retratando a religiosidade, individualismo e desespero.
Além disso, a obra de Cecília também é sustentada por suas experiências relacionadas à solidão. E a escritora também utilizava elementos naturais, música e espaço para compor um trabalho direcionado ao neossimbolismo.
Apesar do aspecto místico envolvendo parte da sua obra, o trabalho de Cecília também lembra alguém com consciência das próprias capacidades e do futuro.
O livro “Viagem” é o momento de transição da poeta (Cecília desaprovava o termo “poetisa”, afirmando que era uma classificação sexista) para a escola modernista. Ademais, Cecília escolhia bem as palavras que usava nas publicações, indicando uma musicalidade bastante forte nas composições.
Ainda que Cecília Meireles escrevesse prosas, crônicas, contos e textos teatrais, foi na poesia que ela ganhou destaque. Ela utilizava muitas rimas poéticas, trazendo elementos da literatura clássica para suas poesias.
E assim como ela, a sua escrita amadureceu, visto que Cecília Meireles passou a escrever sobre o tempo e o envelhecimento humano na fase mais intimista da carreira.
Enquanto palestrava, Cecília Meireles transformou os lugares por onde passava usando as palavras. Tanto que, para incentivar a literatura infantil, ela fundou a primeira biblioteca infantil brasileira em Botafogo, no Rio de Janeiro. E também ganhou uma biblioteca em sua homenagem no Chile, próxima à província de Valparaíso no ano de 1964.
Morte de Cecília Meireles
Infelizmente, Cecília Meireles recebeu o diagnóstico de câncer no estômago em 1962. A doença avançou rapidamente, pois ela faleceu dois anos após ter descoberto o câncer. Contudo, Cecília Meireles jamais deixou de lado a sua paixão pela literatura, escrevendo até pouco tempo antes de falecer.
Por causa da sua grande contribuição à literatura brasileira, Cecília Meireles recebeu homenagens de várias entidades. O Banco Central do Brasil, por exemplo, imprimiu o rosto da escritora e poeta na cédula de 100 cruzados.
E mesmo após tanto tempo, fica evidente a percepção sensível de Cecília Meireles a respeito da vida. Cecília refletia as próprias experiências por meio de fenômenos da natureza e da sociedade.
Apesar de muitas poesias terem um aspecto simples a princípio, elas carregam grandes mensagens para reflexão interna.
E talvez essa tenha sido uma das maiores habilidades de Cecília Meireles: simplificar complexidades e poetizar a existência do ser humano. Logo, a escrita de Cecília Meireles é um convite profundo ao crescimento, reflexão e elevação interna.
Reconhecimentos
O trabalho de Cecília Meireles conquistou diversas instituições acadêmicas ao redor do mundo. Nesse sentido, ela recebeu algumas homenagens e premiações ao longo da vida. Os reconhecimentos mais famosos são:
- Medalha de ouro entregue por Olavo Bilac quando Cecília concluiu o seu curso na Escola Estácio de Sá em 1913;
- Prêmio Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras no ano de 1938;
- Oficial da Ordem do Mérito no Chile, recebido em 1952;
- Doutora Honoris Causa entregue pela Universidade de Delhi, na Índia, em 1954;
- Prêmio Machado de Assis entregue postumamente pela Academia Brasileira de Letras no ano de 1965.
Estilos
Cecília Meireles é uma das artistas da segunda geração do Modernismo brasileiro. Nesse sentido, é possível indicar estruturas importantes na construção dos seus textos, como:
– Conflito espiritual e existencial
Cecília Meireles apresentava um conflito espiritual e existencial causado pela reflexão constante sobre o mundo moderno.
– Crítica sociopolítica
Cecília criticou bastante a política do Estado Novo brasileiro. Essa política do governo Vargas era bastante controladora e costumava fazer propaganda positiva de si mesma. Além disso, ela também criticou movimentos como o fascismo e nazismo.
– Fase de reconstrução
Nesse período, Cecília e outros autores tinham o objetivo de resgatar a poesia clássica.
– Respeito ao passado
A geração anterior do modernismo costumava ignorar a estrutura de textos e poemas antigos. Nesse sentido, a segunda geração do Modernismo passou a respeitar a história da poesia, usando tanto versos livres quanto versos brancos e regulares.
Além dessas características, Cecília Meireles escrevia versos humanos, indicados pelas necessidades mais simples da humanidade. Por exemplo, a autora usava elementos sensoriais, tom melancólico, religião, saudade, morte, amor e solidão.