Cora Coralina: Biografia, Fatos Rápidos, Poemas e Mais!
Cora Coralina é uma das maiores poetisas brasileiras, que marcou época e continua tendo uma enorme influência intelectual sobre diversos artistas que vieram depois dela, tendo uma produção literária marcada por seus contos e poesias, reunidas em livros que realmente demoraram muito tempo para começarem a ser publicados.
Se Paulo Freire conseguiu marcar época com sua pedagogia do oprimido, Cora Coralina também pôde marcar suas gerações que se seguiram, com suas mensagens e pensamentos, repassados através de suas poesias.
Viveu entre os anos de 1889 a 1985, chegando até os incríveis 96 anos de idade. Nasceu em Goiás, mas passou também grande parte de sua vida em São Paulo, e embora goze de todo merecido reconhecimento que possui nos dias atuais, teve que batalhar bastante por isso, e só veio conseguir realmente em seus anos finais de vida.
Outro ponto interessante também, é em relação ao seu próprio nome, uma vez que Cora Coralina é simplesmente um pseudônimo de seu verdadeiro nome, que é Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas.
Sempre foi uma mulher bastante simples, e conquistou sua fama justamente através dessa simplicidade que sempre buscou exprimir, tanto em sua vida, quanto em suas poesias, que são escritas de um modo realmente muito suave, sem se prender a muitas regras ou rigidez.
A falta de um formato ou métricas em suas poesias, embora fosse um empecilho inicial para a aceitação da crítica sobre suas obras, é um dos pontos que também chama a atenção positivamente sobre seu trabalho, tendo liberdade não apenas no conteúdo em si, mas também no modo como o poema é formado, segundo a liberdade expressiva de Cora Coralina.
Fatos Rápidos sobre a vida de Cora Coralina
Nome | Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (Cora Coralina) |
Gênero | Feminino |
Famoso como | Poetisa |
Nacionalidade | Brasileira |
Signo do zodíaco | Virgem |
Nascimento | 20 de agosto de 1889 |
Falecimento | 10 de abril de 1985 |
Conhecido por criar | Poemas dos Becos de Goiás |
Marido | Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas |
Filhos | Jacyntha Bretas Paraguaçu Bretas Cantídio Bretas Vicência Bretas Enéas Bretas Ísis Bretas |
Quem é Cora Coralina?
Cora Coralina é uma das mais importantes poetisas, e também cronistas de toda a história brasileira. Mas que também possui em sua história uma das mais interessantes trajetórias literárias do mundo.
O principal motivo por trás dessa afirmação é que, embora seja bastante reconhecida em todo o Brasil atualmente, ela só conseguiu ter esse reconhecimento quando já estava com 91 anos de idade.
Diversos pontos nessa estrada fizeram com ela não conseguisse seguir uma carreira totalmente dedicada à vida artística, o que acabou atrapalhando o seu desenvolvimento e também a divulgação de seu trabalho.
Apenas cerca de 20 anos antes de correr foi que finalmente ela conseguiu publicar seu primeiro livro, contendo diversas de suas principais poesias, todas sempre escritas de uma forma simples, com um modo singelo de escrever, mas com um conteúdo muito rico, e com uma mensagem bastante eficaz, conseguindo penetrar profundamente no coração de quem ler suas poesias.
Pouco compreendida pela crítica, inicialmente, teve grandes dificuldades para alcançar seu merecido reconhecimento, mas, felizmente, ainda em vida, pôde receber todas as homenagens relacionadas ao seu trabalho.
Dona de um trabalho bastante voltado sobre sua vida no campo, passou 45 anos de sua vida no estado de São Paulo, onde construiu sua família. No entanto, nunca se esqueceu de sua terra natal, Goiás, onde viveu os outros 50 anos restantes, já que viveu até seus 95 anos de idade, tempo suficiente para ver suas sementes poéticas germinarem diante de seus cansados olhos.
Como foi a infância de Cora Coralina?
Cora Coralina nasceu exatamente no dia 20 de agosto de 1889, no que é a atual cidade de Goiás, que no período, era a capital do estado de Goiás. Na época, já era um período mais conturbado para a política brasileira, já que cerca de três meses mais tarde seria proclamada a república brasileira, com um golpe dado no imperador Dom Pedro II, que governava o país até então.
Seu pai, Francisco de Paula Lins Guimarães Peixoto, era um funcionário público, com uma nomeação direta de Pedro II para desembargador. Já sua mãe, Jacyntha Luiza Couto Brandão, era dona de casa, e sempre buscavam dar o melhor para seus filhos.
Ela nasceu e foi criada na fazenda Paraíso, ao lado do chamado Rio Vermelho, que tem uma grande influência em sua vida. Todo o seu desenvolvimento como pessoa e também intelectual é moldado pela cultura interiorana, já que o estado de Goiás, localizado no centro-oeste brasileiro é bastante rural, de uma forma geral, com um forte ligação com o mercado agropecuário.
Seu acesso aos estudos não foi dos melhores, e ela estudou apenas as três primeiras séries estudantis, o que não a permitiu desenvolver conhecimentos avançados no geral, nem mesmo sobre a escrita em si, aprendendo a ler e escrever, mas não sendo algo realmente tão avançado.
Dessa forma, até mesmo suas poesias e contos também são moldados por essa falta de conhecimento mais completo sobre a escrita, uma vez que ela se viu obrigada, o que felizmente deu muito certo, a focar na mensagem que era passada, e não ao formado com o qual ele era escrito.
Além do mais, o próprio conteúdo de suas obras também são bastante interioranas, retratando muitos dos elementos que sempre a cercaram, bem como elementos que faziam parte da sua sociedade da época.
Cora Coralina: marido e filhos
A vida amorosa de Cora Coralina também é um momento marcante em sua vida, uma vez que ele começou a se envolver com um homem judicialmente casado, a ponto de fugir de sua cidade natal ainda jovem e rumar para o principal estado do país, São Paulo.
Tudo ocorreu quando ela tinha 21 anos de idade, isso em 1911, e seu companheiro era Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, que era advogado e tinha um cargo significativo de secretário de segurança do estado de Goiás na época.
Por já ser casado, a união foi realmente oficializada apenas 14 anos depois, já em 1925, quando a então ex-mulher de Cantídio acabou falecendo. No entanto, já viviam em uma união estável desde 1911, quando fugiram e passaram a viver na cidade de Jaboticabal e depois na capital paulista, vivendo 45 anos nesse gigantesco estado.
Com Cantídio, Cora Coralina teve seis filhos, e já estava grávida de gêmeos quando deixou Goiás. No entanto, desses seis, apenas quatro deles realmente chegaram a ser criados, uma vez que o Enéas e a Ísis faleceram ainda com poucas horas de vida. Apenas Vivência, Jacyntha, Cantídio e Paraguaçu realmente chegaram a crescer.
Enquanto estava casada, porém, a parte de produção artística de Cora Coralina foi muito pouco divulgada, por assim dizer, uma vez que seu marido não era tão condizente com isso, e não queria que ela trabalhasse, como já fazia, escrevendo suas obras para jornais goianos.
Ela já gozava de certo reconhecimento dentro do estado de Goiás, chegando até mesmo a receber um convite para que pudesse participar da semana da arte moderna, que ocorreu no ano de 1922, e só não foi realmente porque seu marido, Cantídio, não permitiu que ela fosse. Quando ele morreu, em 1934, foi que finalmente pode voltar a ativa.
Quando Cora Coralina publicou seu primeiro livro?
Apesar de ser conceituada como uma das mais importantes poetisas brasileiras, na verdade, essa não era a primeira profissão de Cora Coralina, já que, segundo ela própria, era muito melhor doceira.
Foi fazendo doces que ela realmente conseguiu ter uma renda suficiente para manter sua família, principalmente após a morte de seu marido. Ela também trabalhou como vendedora de livros da editora José Olympio.
Então, 45 anos depois de fugir para São Paulo, finalmente ela resolve voltar para a sua cidade natal, e começa a viver na antiga casa de sua família. Nesse período, finalmente ela se prepara para lançar seu primeiro livro.
Então, em 1965, quando faltavam poucos dias para completar 76 anos de idade, saiu a publicação do livro “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, um marco na história da poetisa, justamente pela editora da qual vendia livros em São Paulo.
Os motivos que levaram a tantos anos na demora desse lançamento, foram realmente muito diversos, uma vez que diversos empecilhos surgiram em sua vida, como seu marido, que não apoiava sua carreira, o fato de ter aprendido datilografia apenas com 70 anos de idade, entre outros.
De todo modo, mesmo antes da publicação desse livro, ela já gozava de certa fama dentro de sua cidade e de seu estado, mas sem um reconhecimento nacional, mesmo já possuindo trabalhos divulgados através de jornais, por exemplo, já tendo poemas e contos conhecidos.
Mesmo com seu livro, a fama ainda demorou bastante para chegar, uma vez que a crítica de uma forma geral não aceitava muito bem suas escolhas na poesia, sejam sobre personagens, formato de escrita ou a própria linguagem simples utilizada.
Como seus trabalhos eram divulgados antes dessa publicação?
Bem, desde muito jovem Cora Coralina já tinha um envolvimento com a literatura em si, e conseguiu ainda jovem um certo reconhecimento dentro do território goiano, através de publicações de contos, crônicas e poemas em jornais da época.
Ela mesma já chegou a dirigir um semanário, junto a outros amigos, no qual realizava algumas publicações. Isso ocorreu quando ela tinha cerca de 18 anos de idade, em A Rosa.
Mas, mesmo antes disso ela já havia também publicado outros textos, pois, como mencionado, sua dedicação à escrita ocorreu desde seus 14 anos de idade, e era justamente assim que Cora Coralina conseguia fazer seus escritos chegarem ao público.
Ela chegou também a participar de grupos poéticos da sociedade goiana, mas sua partida para São Paulo, atrapalhou um pouco essa métrica, e apenas depois de sua volta realmente, foi que tudo entrou nos eixos.
Quando Cora Coralina ficou famosa?
O verdadeiro reconhecimento nacional de Cora Coralina veio realmente quando ela já tinha mais de 90 anos de idade, e foi tudo graças a participação de outro importante nome da poesia brasileira, Carlos Drummond de Andrade.
Drummond conheceu suas poesias, e escreveu um artigo sobre as obras de Cora Coralina, mostrando toda a admiração que havia adquirido quando teve contato com seus escritos.
O artigo, publicado em 1980 no Jornal do Brasil, foi o grande responsável por dar voz aos poemas de Cora, que desse ponto em diante, finalmente e merecidamente pôde receber todo o reconhecimento nacional que realmente merecia, e que até os dias atuais ainda possui.
Em 1983, por exemplo, recebeu a premiação Juca Pato, e acabou sendo agraciada também com um título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás.
Sem falar, é claro, das condecorações póstumas em relação a suas obras, como a de Ordem ao Mérito Cultural, que lhe foi conferida cerca de 20 anos depois de seu falecimento. Bem como também o reconhecimento de sua primeira obra publicada, como uma das mais importantes obras literárias já produzidas no país.
Qual é o significado de Cora Coralina?
Embora tenha difundido por todo o país o nome Cora Coralina, na verdade esse não é seu nome verdadeiro, sendo simplesmente um pseudônimo artístico, que ela utilizou no lugar de seu nome verdadeiro.
Seu nome de nascimento é Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, um nome grande e bastante bonito, aliás, o que mostra que foram realmente outros motivos que a levaram a optar por outra nomenclatura.
Na verdade, ao entender o significado de Cora Coralina, fica muito fácil entender os motivos da escolha, já que é algo totalmente ligado a sua essência como uma poetisa.
Embora haja muitas outras especulações, na verdade Cora Coralina significa “coração vermelho”, sendo uma homenagem clara ao local de seu nascimento, uma vez que, como já mencionado, ela nasceu e foi criada ao lado do Rio Vermelho, e acabou adotando o nome artístico com esse sentido.
Além de ser o local de seu nascimento em si, o rio também também faz parte de todo o seu desenvolvimento como pessoa, e ela criou esse nome artístico ainda quando tinha 14 anos de idade, embora tenha o difundido realmente já muitos anos mais tarde.
Quais são as principais obras de Cora Coralina?
Cora Coralina começou a escrever ainda muito cedo, com cerca de 14 anos de idade, e como mostrado, foi nesse período também que viria a criar o seu pseudônimo. Embora tenha começado a utilizar, realmente, apenas muitos anos depois.
No entanto, também como já explicado a sua entrada no mundo das publicações literárias já ocorreu de forma muito tardia, quando já era uma senhora de muita idade. E isso, sem dúvidas, atrapalhou bastante sua vida acadêmica, ainda mais levando em consideração que ela não dependia de sua arte para sobreviver, exercendo outras profissões ao longo da vida.
Assim, ainda em vida, as obras de Cora Coralina não são muito extensas, e são graças a outras publicações póstumas que sua biografia se torna mais robusta. Claro que, devido a serem livros de poesias e contos, quando se falam em quantidade de conteúdo em si, são sim muitos exemplares.
Afinal, ela nunca abandonou de fato a escrita literária, e mesmo sem divulgar seus trabalhos, sempre buscou se manter ativa dentro da carreira, o que, felizmente, acabou gerando bons e variados exemplares seus.
De todo modo, em relação a suas obras reunidas em si, que são livros com poesias ou contos, vale a pena mencionar alguns, como é o caso de poemas dos becos de Goiás e também Vintém de Cobre.
Poemas dos becos de goiás e estórias mais – de 1965
Embora tenha sido a primeira obra da poetisa, com a reunião de diversos poemas seus, escritos ao longo da vida, o livro realmente não foi muito bem interpretado pela crítica da época. O público sim tinha um interesse maior em suas poesias, a compreendia, mas sem a aprovação da crítica especializada em si, não conseguiu chegar a lugares mais altos, além de seu território de origem.
Realmente são poesias de alma simples, que embora carreguem uma crítica muito bem arquitetada sobre a sociedade em si, consegue ser transmitida de tal forma que nem mesmo parece sair do pensamento de alguém tão experiente, e tão sem medo, como alguém que muito já tenha vivido possa ser.
E essa incompreensão inicial foi o que não permitiu que a obra ganhasse todo o país logo de início. Foi necessário que Drummond de Andrade viesse a ler o livro, e comentasse positivamente sobre suas poesias, para que todos começassem realmente a interpretar e observar todos os fatores únicos dentro da obra de Cora Coralina.
Foi justamente graças a esse livro, 15 anos depois de seu lançamento, que ela finalmente recebeu todo o merecido reconhecimento nacional, vindo a gozar, nos últimos anos de sua vida, das mais belas homenagens que poderia receber.
Vintém de cobre: meias confissões de Aninha – de 1983
Esse é outro livro de poesias de Cora Coralina, que também entra para as mais importantes obras da autora. O próprio Carlos Drummond de Andrade escreveu uma carta para a poetisa, isso no mesmo ano da publicação, e onde falou sobre as impressões que teve após ler o livro, dizendo que na verdade era puro ouro suas poesias.
As palavras de Drummond exprimem muito bem a verdade, onde há uma comunicação simples, mas muito direta no que se quer dizer, tendo uma implicação geral no entendimento que quem mergulha em suas palavras. Graças a obra, ela passou a ter ainda mais destaque no cenário nacional, recebendo outras condecorações.
Afinal, desde 1980 ela já havia recebido todos os méritos por sua obra, justamente devido a Drummond. Sendo essa, a primeira obra que ela escreveu depois que já era famosa.
Quais são as características das obras de Cora Coralina?
O fato de ter começado a publicar tardiamente não impediu que Cora Coralina pudesse escrever uma grande quantidade de poesias ao longo de sua vida, embora muitas delas tenham sido publicadas já depois de sua morte.
Dentre suas obras, vários pontos em comum se repetem, dando uma caracterização bastante significativa para a poetisa, que conta com uma escrita singular. De uma forma geral, pode-se considerar que as principais características das obras de Cora Coralina são a humildade e a simplicidade empregadas.
São realmente poesias, de certo modo básicas, mas dentro dessa simplicidade são tão completas quanto a mais bem estruturada das obras. O desapego com elementos clássicos como a rima, métricas, ou até mesmo uma forma mais lógica de escrever, como o soneto, por exemplo, são pontos que marcam bastante.
Como mencionado, suas poesias exprimem liberdade, e essa liberdade ao qual ela está ligada pode ser encontrada dentro dela mesma, em sua própria formação, já que esse desapego com as regras passa justamente essa impressão.
Outro fator que também ganha destaque em Cora Coralina são as temáticas de suas poesias, quase sempre voltadas aos pensamentos que tinha sobre sua terra natal, Goiás, sobre a infância, e sobre todos os elementos que a cercavam.
Quando Cora Coralina morreu?
Embora tenha começado a divulgação de seu trabalho realmente muito tarde, e basicamente tenha uma dedicação tão grande à vida de doceira quanto a de poeta, Cora Coralina contou com a bondade do tempo para colher os méritos por seu trabalho.
Isso porque ela chegou a viver até os seus 95 anos de idade, que é realmente uma marca bastante avançada, e que ela levou com uma força mental até muito longe, chegando a publicar seu primeiro livro apenas acerca dos 76 anos.
Já bastante idosa, e com uma saúde debilitada, acabou falecendo vítima de uma pneumonia, isso no dia 10 de abril de 1985, muito próximo de completar seus 96 anos de idade.
De todo modo, embora tenha deixado um buraco impreenchível na cultura brasileira, também conseguiu deixar sua marca dentro da história do país, sendo lembrada como uma das maiores poetisas que já nasceram em nosso território, e que sem dúvidas deixou obras base para as gerações que a sucederam.